Danusia Barbara, jornalista, crítica gastronômica e autora de vários livros, abriu o debate lendo um texto. Palavras que deveriam ser ditas em todas as aulas inaugurais dos cursos de gastronomia. Danusia conseguiu em poucas linhas descrever a dura rotina dos chefs numa cozinha profissional. Ressaltou que a magia da cozinha depende da sensibilidade do cozinheiro e não da sua condição sexual. Um texto realista, mas que não deixou de arrancar risadas da platéia quando, mencionou que os artistas da cozinha depois de um longo dia de trabalho, chegam em casa com fome, e, ao verificarem seus armários vazios deitam e dormem pra fome passar. Que ironia!
A chef de cozinha Flávia Quaresma falou sobre o papel masculino na história da gastronomia. Falou também da importância dos grandes Chefs como Carême, Escoffier, Fernand Point, Alain Chapel, Louis Outhier, Paul Bocuse entre outros. “As mulheres cozinheiras eram chamadas de mère (mães) e não de Chefs” explicou Flávia. Essas mulheres eram esposas de hoteleiros ou donos de pequenos restaurantes, conheciam a arte de cozinhar desde o nascimento, mantendo o segredo e a tradição de receitas transmitidas por suas mães. Esse tabu custou a ser quebrado, quando estudei na França há dezesseis anos não havia tanta mulher na cozinha”, brincou Flávia.
O Culinarista e Personal Chef Evaldo Abineder substituiu o Chef Alex Atala no debate (Alex teve uma crise renal). Segundo ele, a cozinha de casa ficava a cargo das mulheres, enquanto a cozinha profissional era exclusividade masculina. Esse cenário mudou com a emancipação da feminina, garante Evaldo. Ele relata que conhece homens que assumiram as cozinhas de casa enquanto suas esposas trabalham fora. O culinarista disse não perceber se a cozinha é comandada por um homem ou por uma mulher apenas degustando os pratos de um restaurante. Disse que “O comando e a criatividade nada tem a ver com o sexo de quem está à sua frente”. Evaldo Abineder é proprietário do Estúdio de Culinária, uma escola de cozinha natural em Volta Redonda, interior do Estado do Rio de Janeiro. O personal chef é especialista em transformar dietas restritivas em saborosas refeições
Danusia Barbara propôs uma brincadeira para provar que não existem diferenças quando o assunto é criação culinária. Perguntou para Evaldo que prato ele criaria com os ingredientes de sua geladeira. O personal chef respondeu que segue uma linha mais balanceada, evitando carne vermelha, com muita fibra e pouca gordura, por isso faria uma Quiche com massa de farinha integral, tofu e alho poró, bem light!
Flávia Quaresma, bem humorada, confessou que ao ouvir o colega falar em quiche pensou imediatamente num bacon fritando. A chef disse ser carnívora convicta. Contou que para escrever o livro Saboreando Mudanças com a nutricionista Jane Corona, precisou superar seus preconceitos em relação a comida naturalista. Flávia faria uma quiche com bacon, colocaria um espinafre para disfarçar e usaria um queijo menos gorduroso.
Danusia Barbara concluiu que a cozinha é um território para pessoas talentosas, sejam homens ou mulheres! Para a crítica gastronômica talento de Chef não tem gênero!
Ao final do debate, a Chef Flávia Quaresma falou que o trabalho de Chefs como Alex Atala, Roberta Sudbrack, Ana Luiza Trajano são super importantes para firmar a gastronomia brasileira no cenário internacional. Achei que a Chef foi modesta, Flávia trabalha incansavelmente por nossa culinária!
Evaldo terminou sua participação no debate lembrando que a refeição há algum tempo atrás cumpria a função de alimentar e dar prazer, e que atualmente desempenha também a função terapêutica.
Danusia Barbara comentou o debate no programa CBN Sabores Rio na rádio CBN – Rio.
